|
OS NOSSOS ARTISTAS – E os "arraiolos" aqui tão perto
A simpática vila de Arraiolos deu nome a um certo tipo de confecção de tapetes e carpetes, inspirada na longínqua Pérsia e que na solidão alentejana encontrou as condições para se implantar entre nós.
O modo como foram recebidos nos faustosos salões da corte e de outro tipo da nobreza lisboeta, deram fama à tapeçaria de Arraiolos, tanto mais que, para além da sua beleza, o seu custo colocava-os bem longe das habitações das classes colocadas na parte inferior da pirâmide social.
A mudança dos tempos, com a ascensão da burguesia, tornou aqueles famosos tapetes não só apetecíveis como (relativamente) acessíveis a várias bolsas. E, por isso, a sua confecção, atendendo ao seu carácter artesanal, ultrapassou os limites do Alentejo, chegando a diversos pontos do país, colmatando até algumas situações de ausência de emprego, por força dos cursos de formação.
E foi deste modo que os "arraiolos" chegaram a Chão Sobral, na freguesia de Aldeia das Dez, no concelho de Oliveira do Hospital.
Incumbiu-se dessa tarefa Isabel Moreira Gonçalves (na foto) que, com o seu saber e força de vontade, instalou naquele lugar um "atelier" de onde saem autênticas obras-primas, elaboradas de acordo com as técnicas mais primitivas.
Encomendas não lhe faltam, felizmente, mas o que escasseia é a mão-de-obra que é incomportável face à morosidade do trabalho que partilha com mais duas ou três mulheres.
Apoios? Absolutamente nenhuns, o que é verdadeiramente escandaloso, quando tanto se fala no modo de evitar a desertificação dos meios rurais. E como é que seria possível um apoio? Para além de outras medidas, bastaria que os organismos oficiais (ou outros subsidiados pelo Estado) fossem obrigados a equiparem-se com materiais do mercado local em vez de se engalanarem com adornos "made in China" ou de um qualquer país asiático que, na maior parte dos casos, são produzidos com recurso a métodos de autêntica escravatura.
A. VENTURA in "A COMARCA DE ARGANIL" - Nº 11129 - 24 DE ABRIL DE 2001 |
